FMI prega manutenção de auxílios à população
Para a instituição, países como o Brasil devem ampliar gastos com ajuda aos mais pobres em 2021, para amenizar os efeitos da crise
O Estado de S. Paulo – 3 Nov 2020
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou ontem que a crise do coronavírus não terminou e afirmou que a concessão de auxílios financeiros à população brasileira em 2021 deve ter um valor maior que o atualmente projetado. Porém, o Fundo citou, em documento sobre o crescimento das nações do G-20 no cenário pós-covid, que o País precisa priorizar despesas em um cenário fiscal difícil.
A recomendação do FMI vem em meio à indefinição no Brasil sobre como o governo vai reestruturar o programa de auxílio emergencial a partir do início do ano que vem. O benefício teve valor de R$ 600 entre abril e agosto, mas foi reduzido para R$ 300 até dezembro. A medida terá custo de R$ 321,8 bilhões em 2020, beneficiando 60 milhões de pessoas.
O governo tem ressaltado que um novo benefício – com valor mais alto que os R$ 190 concedidos, em média, pelo Bolsa Família – é necessário para promover o fim gradual da ajuda extra, uma vez que milhões de brasileiros seguirão desempregados no próximo ano.
Ao fim do período de calamidade pública neste ano, contudo, a regra do teto de gastos voltará a valer em 2021. Pela regra, o Bolsa Família só poderá ser turbinado significativamente com o corte de outras despesas.
A equipe econômica tem dito que a regra do teto será respeitada. No Congresso, porém, parlamentares têm flertado com um drible na regra do teto ou com a extensão do período de calamidade, que hoje permite que despesas extraordinárias associadas à crise da covid-19. Até agora, nenhuma solução para o impasse foi formalmente apresentada pelo governo.
O FMI afirmou que programas de transferência de renda “melhor direcionados” seriam importantes para assegurar um suporte adequado aos mais vulneráveis em países como o Brasil. “Em geral, se as consequências da crise perdurarem, o acesso a bens e serviços essenciais precisará ser expandido. Ajuda alimentar também pode complementar as transferências de dinheiro e proteger os beneficiários dos preços mais altos dos alimentos”, disse o Fundo.
O FMI diz que a maioria das economias emergentes continua lutando com a pandemia do coronavírus, citando o Brasil entre os países com surtos persistentes de infecções.
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