PAPER 123: Projeto de País (EU SOU BRASIL!!!)
Tema: “Podemos acabar com a pandemia em 2022.”
“Somos uma espécie estranha. Somos capazes de produzir maravilhas, mas, então, fracassar em deixá-las ao alcance de todos os que poderiam se beneficiar delas, mesmo a custos triviais em comparação aos ganhos gerais.”
Martin Wolf
A pandemia da Covid-19 ocupou o centro do cenário mundial desde jan/2020. O “PAPER”109 de 20/02/2021, após análise da situação política do Brasil, divulgou por sua CONCLUSÃO (página 7/7) “Nossa proposta é que esses 400 nomes da lista dos “Unidos pela vacina”, juntamente ainda com tantos outros talentos que temos em nosso País, atuem com realismo, humildade, coragem, capacidade de decisão, sob a conclusão de que a vacina virá se o País for forte. No Estadão de 20/02/2021, página A1, ‘Levantamento da ONG One Campaign indica que EUA, UE, Reino Unido, Austrália, Canadá e Japão já garantiram mais de 3 bilhões de doses de vacina e com 2,06 bilhões poderiam imunizar suas populações.'”
Desde o segundo semestre de 2020 já sabíamos que não havia ainda disponibilidade de vacina, para realizar os procedimentos recomendados pelas instituições científicas.
No entanto, em 20/02/2021 já tínhamos informação de que os países ricos, não incluídas a China e a Índia, já haviam garantido a aquisição de 3,0 bilhões de doses para o conjunto de suas populações de 2,06 bilhões de habitantes, quando a população mundial supera 7,5 bilhões de pessoas. Ou seja, mais de 5,0 bilhões de pessoas estavam “fora do radar” dos fabricantes de vacinas.
Pelas características da guerra – a pandemia – mesmo quando estiverem vacinados os 2,06 bilhões, além da limitação da eficácia, eles poderão ser infectados por variantes da Covid-19, e também não se conhecia ainda o cronograma factível de entrega de vacinas pelos fabricantes.
De toda sorte o fato é que o Brasil, juntamente com os demais países pobres – os 5,5 bilhões de pessoas – não terão em tempo hábil a quantidade de vacinas necessária para o combate à pandemia e, por conseguinte, as baixas serão maiores do que nos países desenvolvidos.
O Brasil registra atualmente mais de 500 mil mortes, e uma média diária, nas últimas semanas, superior a 2,0 mil mortes, ou 60 mil/mês; de acordo com as informações do presidente da República e do governador de São Paulo (sob suspeita da nação brasileira), em outubro de 2021 teremos vacinado toda a população.
Ocorre que em outubro próximo teremos atingido nesse período mais 300 mil mortes, totalizando então 800 mil vidas perdidas, sem considerar a ação das variantes, capaz de atropelar os imunizados.
E o que estará acontecendo no conjunto da população mundial até outubro adiando o fim da pandemia? A guerra é global! Dada a peculiaridade dessa pandemia não faz sentido cada país lutar isolado, porque sofre ataque global, através de todas as conexões possíveis e imprevisíveis.
O jornal Valor Econômico de 26/05/2021, página A17, publicou artigo de Martin Wolf, editor e principal analista econômico do Financial Times, autor do livro “A reconstrução do sistema financeiro global”, editado em 2009, considerado o livro mais importante que explica a crise mundial de 2008.
Nesse artigo ele divulga “Uma Proposta para Acabar com a Pandemia da Covid-19” de Ruchir Agarwal e Gita Gopinath, do Fundo Monetário Internacional, que colocam em evidência tanto a oportunidade quanto os benefícios:
(…) “O plano proposto por eles consiste em vacinar pelo menos 40% da população de todos os países até o fim de 2021 e pelo menos 60% até julho de 2022, assim como garantir o acesso geral aos testes de detecção e à capacidade de rastreamento dos casos. O estudo estima os benefícios econômicos cumulativos em US$ 9 trilhões (US$ 1.150 por pessoa), em comparação a um custo de US$ 50 bilhões – uma proporção de 180 para 1. Seria um dos investimentos de maior retorno já vistos.” (…)
(…) “Uma comparação entre as previsões do FMI de outubro de 2019 e as de abril de 2021 indica que a covid-19 reduziu a produção mundial real em US$ 16 trilhões (a preços de 2019) só em 2020 e 2021. Se a pandemia continuar, essas perdas continuarão se acumulando por um longo futuro.” (…)
(…) “Os detalhes técnicos do programa proposto podem precisar de ajustes. O mesmo vale, portanto, para a soma precisa do financiamento necessário. Mas não pode haver dúvida quanto à sua lógica como um todo. É tolice imaginar que o foco nacional dos programas de vacinação de hoje em dia será eficaz para lidar com uma pandemia mundial. É tolice não expandir a oferta global de vacinas e distribuí-las da forma mais urgente possível. É tolice, também, gastar literalmente trilhões de dólares em auxílio pela pandemia às pessoas dentro de suas fronteiras, enquanto se deixa de gastar algumas dezenas de bilhões para acabar com a pandemia mundialmente o mais rápido possível.
Se verdades tão auto evidentes não convencerem os governos das democracias de alta renda, então, que eles considerem a geopolítica. Por quantias modestas, eles podem transformar as angústias de bilhões de pessoas que vivem em países vulneráveis e, assim, provar que além de competentes, também se importam. Podem ficar bem, fazendo o bem. Se não mostrarem a urgência necessária para gastar essas quantias triviais, a posteridade vai querer saber o que raios eles estavam pensando. Esta é uma guerra global. Os governos dos países ricos devem apresentar-se e vencê-la agora.”
A íntegra do artigo está disponível no “site” www.conselhobrasilnacao.org, sob o título “Podemos acabar com a pandemia em 2022.”
Um episódio que guarda similitude com esse momento da Proposta dos representantes do FMI, ocorreu no Brasil entre maio/2014 até o presente, quando o Conselho Brasil-Nação publicou o “PAPER”22, em 04/07/2018, sob o tema “Custo das crises e seu significado!”. As lideranças brasileiras não agiram para debelar a crise, como proposto pelos manifestos do Conselho Brasil-Nação em 14/04/2016 e 31/10/2016.
A crise financeira, econômica, política e moral que atingiu o Brasil desde maio/2014 é consequência de uma série de equívocos do governo brasileiro na condução da política econômica, agravada pela corrupção que atingiu a Petrobrás e outros órgãos e empresas governamentais. Na verdade, o País não soube evitar a crise, ao contrário do que fez o governo americano diante das fraudes contábeis praticadas pela Enron e Worldcom no início do século XXI, ao promover a prisão dos executivos responsáveis pelas fraudes e aprovar uma nova legislação estabelecendo rigorosas regras de auditoria para as empresas.
No Brasil, a crise estagnou a economia, aumentou o desemprego, os investimentos sumiram e as perdas foram generalizadas. E somente depois da “porta arrombada”, instaurou-se a operação “Lava Jato”, que por mais de quatro anos, foi divulgada diariamente pelo sistema de imprensa, em especial o televisivo, cobrindo todos os eventos policiais e judiciais, conhecidos por toda a população brasileira, bem como pela imprensa internacional.
O “PAPER”22, disponível no “site” www.conselhobrasilnacao.org divulgou o estudo econômico-financeiro mostrando o custo da crise: “perda de arrecadação Fiscal, perdas do sistema produtivo, perdas em salários e serviços terceirizados, total das perdas = R$ 887 bi.”
No âmbito das investigações e procedimentos criminais decorrentes da operação “Lava Jato”, a Petrobrás recuperou apenas R$ 6,20 bi, muito abaixo portanto do total dos prejuízos decorrente da crise instalada no país desde 2014.
“PAPER”22, de 04/07/2018: “Diante desse cenário que já dura 4 anos qual foi a ação dos governos para quebrar o círculo vicioso? Quais foram as soluções propostas pelos governos para manter suas arrecadações de impostos provenientes do sistema produtivo atingido pela recessão? O que fizeram os sindicatos patronais e de trabalhadores e as entidades de classe? As parcas ações tomadas não trouxeram – e nem poderiam trazer – qualquer solução ao sistema produtivo.
Enfrentando uma situação de fraudes contábeis procedidas pelas empresas Enron e Worldcom no ano de 2001, o governo americano estancou o processo por meio de algumas rápidas prisões de executivos e aprovou pelo Congresso uma legislação severa, a lei Sarbanes-Oxley de 2002 para ser obedecida pelas auditorias.
Em 2008 o governo americano endividou-se ainda mais e estabeleceu juros zero, para amparar o seu sistema produtivo e evitar uma possível catástrofe a nível mundial. O tratamento foi eficaz e rápido. Nossa crise desde 2014 não teve ainda tratamento objetivo para sua superação.
E afinal quanto custou toda essa inação de nossos líderes, governantes ou não, nesses 4 anos? Essa conta os comentaristas econômicos não fizeram, ou se fizeram, não divulgaram.”
Os fatos evidenciam alerta decisivo ao desempenho dos governantes que os países estejam estruturados para estrategicamente evitar as crises, ante previsões e, quando não previsto, superá-las, com rapidez e eficácia. As crises inevitavelmente sempre estão à espreita, na evolução dos acontecimentos políticos, militares, diplomáticos, econômicos e, como agora, de natureza sanitária, que é também um desastre econômico.
Como no exemplo acima o Brasil perdeu (de 2014 a 2018) R$ 887 bi, na tentativa que resultou em ressarcir R$ 6,2 bi. Pela proposta do FMI a indicação é de gastar, só em 2020 e 2021, US$ 50 bi (a preços de 2019), para evitar perdas da produção mundial real de US$ 16 tri, ressalvados os ajustes que os estudos comportam ainda. (“Seria um dos investimentos de maior retorno já vistos.” – Martin Wolf)
A Segunda Guerra Mundial foi vencida pela coalizão de países que formavam os “Aliados” para enfrentar os do “Eixo”. Houve custo para os “Aliados” e muito prejuízo para os do “Eixo”. É um exemplo eloquente de ação política para formação de coalizão de países, visando o bem comum, no caso a comunidade mundial, que engloba todas as comunidades nacionais.
CONCLUSÃO
A aceitação do Plano (FMI) depende das altas autoridades em nível mundial, na busca de entendimento, que não será fácil para os países que tiverem acesso à mesa de negociação; “em nossa estupidez” agora corremos o risco se “estamos jogando fora uma oportunidade gloriosa”.
“Esta é uma guerra global. Os governos dos países ricos devem apresentar-se e vencê-la agora.”
Em face da ocorrência e consequências da crise desde 2014, e sem solução até agora, é muito importante que as lideranças brasileiras aproveitando a oportunidade (FMI) de servir à humanidade, pois o problema é mundial e, também à nossa própria população, inspiradas na proposta apresentada pelos integrantes do FMI, envidem todos os esforços capazes de viabilizá-la.
É oportunidade para o Brasil, visto não ter ainda produção própria suficiente e de ainda não se beneficiar de tê-la gratuitamente. A missão é para “Unidos pela Vacina” e outras iniciativas correlatas, ombreadas ao corpo diplomático e a todas as demais autoridades governamentais brasileiras.
Uma coalisão bem-sucedida de governos de países ricos poderá evitar que a mortandade continue e a pandemia se arraste por décadas ainda, com as consequências nocivas para a humanidade, entre elas o aumento da POBREZA, miséria e doenças, além de prováveis desavenças beligerantes entre lideranças do contexto da geopolítica mundial.
O entendimento de lideranças dos países mais poderosos não será fácil, devido aos interesses naturalmente envolvidos; deverá ser trabalhado como uma agenda mundial, do porte da Agenda do Clima. Seguramente as dificuldades não foram menores para os entendimentos que resultaram na formação dos “Aliados”, que puseram fim à Segunda Guerra Mundial, quando eram vislumbradas perspectivas catastróficas. É um exemplo a ser repetido.
Os EUA já haviam decidido pela doação aos países mais pobres 500 milhões de doses de vacina, seguido posteriormente pelo grupo dos 7 países mais ricos do mundo, o G7, que decidiu estender essa ajuda para 1 bilhão de doses de vacinas.
Ainda é insuficiente ante a necessidade de mais de 5,0 bilhões de doses, para erradicar a doença em até final de 2022, como é a proposta do FMI, importante oportunidade que vislumbramos para o Brasil agir politicamente a nível mundial, e possibilita a esperança de uma solução global, além de contribuir para o sentimento de fraternidade universal de todos os povos.
A democracia fundada no Estado de Direito e na cidadania não é uma estação de chegada, mas uma maneira de viajar, visando desenvolvimento econômico, político, cultural e social para transformar o Brasil na melhor nação do mundo para se viver bem.
Personalidades autoras de artigos e citações neste “PAPER”:
.Gita Gobinath – Economista Chefe , FMI ( Diretora do Departamento de Pesquisa e Conselheira)
Martin Wolf, editor e principal analista de economia do Financial Times
Ruchir Agarwall – Economista Senior , FMI