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Estudos atestam benefícios da comida caseira

Trabalhos apontam que dedicação na cozinha contribui para maior equilíbrio do prato e favorece alimentação saudável

Por Regina Célia Pereira, O Estado de S. Paulo, 09/06/2024

Não é preciso ser chef de cozinha. Basta um punhado de empenho e pitadas de interesse para incluir a culinária no dia a dia, com nutrientes e outras substâncias protetoras. Dois estudos recentes atestam os benefícios da comida caseira.

Um deles, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), mostra que a dedicação ao preparar o jantar em família contribui para o maior equilíbrio no prato. “Quando os pais passam mais de duas horas no preparo, seus filhos tendem a comer mais vegetais e peixes”, diz a nutricionista Carla Adriano Martins, uma das autoras do artigo e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para chegar ao resultado, os pesquisadores coletaram, em entrevistas telefônicas, dados sobre a alimentação de 595 famílias na cidade de São Paulo.

A outra pesquisa, uma revisão publicada no periódico Nutrition, encontrou resultados similares. Para seu mestrado, na Universidade de Valência, na Espanha, a nutricionista Juliana Watanabe esmiuçou dezenas de estudos na literatura científica, e uma das conclusões é de que o hábito de cozinhar em casa favorece a adesão aos padrões alimentares considerados mais saudáveis, caso da dieta mediterrânea e da dash, dieta criada nos Estados Unidos para combater a hipertensão. “É preciso estimular as habilidades culinárias, sobretudo entre as populações mais jovens”, diz Juliana.

Quem cozinha em casa geralmente usa ingredientes naturais para compor os pratos. Assim, ocorre o incremento de vitaminas, fibras e sais minerais, além de proteínas, gorduras e carboidratos de qualidade. Mas, segundo Juliana, esse é um hábito em declínio. “Atualmente é cada vez mais raro perpetuar as receitas de geração em geração”, lamenta.

“Pela escassez de tempo, hoje se vê um alto consumo de produtos ultraprocessados, que, além de práticos, costumam carregar o excesso de gordura, açúcar e sódio”, observa a nutricionista Fabiana Rasteiro, do Hospital Israelita Albert Einstein. Diversos trabalhos mostram que o exagero desse trio aumenta o risco de doenças crônicas, caso da obesidade, das doenças cardiovasculares e da diabete.

As especialistas ouvidas pela reportagem são unânimes em dizer que o segredo para uma boa alimentação é o planejamento. “Inclusive, existe um movimento conhecido como batch cooking, que é preparar todas as refeições da semana em um só dia”, diz Juliana. Além de cozinhar e congelar, o processo engloba lavar, secar e guardar verduras, legumes e frutas, de preferência envolvidos em papel-toalha, para manter a consistência.

ATENÇÃO AOS RÓTULOS. Alguns alimentos industrializados, como os enlatados, podem facilitar a vida. “Mas é fundamental checar a lista de ingredientes e a composição nutricional nos rótulos”, orienta Juliana. Inclusive, com o uso das novas tecnologias, é possível encontrar produtos livres de sódio. Pescados como a sardinha e o atum também ajudam a driblar a correria. “Mas eles não devem ser protagonistas sempre. O ideal é usá-los vez ou outra”, sugere.

Já a professora da UFRJ destaca o uso de boas ferramentas. “A panela de pressão é um belo exemplo, pois ajuda a economizar tempo e gás”, diz. “Só vale redobrar os cuidados com a limpeza e a manutenção.”

Uma dica da nutricionista Fabiana é começar com receitas mais simples e ir se aprimorando. “Depois de ganhar segurança, dá para se aventurar em pratos mais elaborados.”

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