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PAPER 53: Projeto de País (EU SOU BRASIL!!!)

Tema: Democracia e Ganhar dinheiro! Suiça é um ótimo exemplo.

 

É alvissareira a consideração declarada sobre o Brasil pelo presidente do Banco Credit Suisse de que o potencial de longo prazo aqui é fenomenal, um dos maiores países do mundo, demografia jovem, tem capital humano. E ainda uma lição que devemos aprender, e rápido, que é incorporar a filantropia em nossas vidas.

A seguir a entrevista do presidente transcrita parcialmente (a íntegra pode ser acessada aqui no Portal)

“Era 9 de janeiro de 1966 quando a seleção do Santos capitaneada por Pelé goleou por 7 a 1 o Stade d’Abidjan, time da Costa do Marfim – o primeiro jogo da excursão para África do time do litoral paulista. Tidjane Thiam era um menino de três anos e meio de idade, estreando na arquibancada do estádio da terra natal, mas narra esse episódio, 53 anos depois, com lucidez de véspera.

Presidente mundial do suíço Credit Suisse, Thiam falou ao Valor no escritório do banco, em São Paulo, em sua primeira vinda ao país pela instituição. Há uma semana, o banco anunciou a criação de um conselho no Brasil, presidido por Illan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central – uma das pessoas que veio encontrar. Além de fã de Pelé e aficionado por esportes (ele é membro do Comitê Olímpico Internacional), Thiam está centrado em sua missão no banco – já refutou rumores sobre disputar a presidência da Costa do Marfim e a cadeira principal do Fundo Monetário Internacional.”

Demanda de famílias ricas que estão na primeira geração é diferente daquelas que estão na sexta geração

Valor: Qual é a diferença do cliente potencial de países desenvolvidos e emergentes?

Thiam: São bem diferentes. Em países emergentes, a maior parte da riqueza, cerca de 67%, está nas mãos da primeira e da segunda geração de empresários. Eles fizeram o próprio dinheiro ou foram seus pais. Nos países desenvolvidos, estão entre a sexta e oitava geração. É o avô do avô do avô que constituiu patrimônio. E é um negócio completamente diferente servir um empresário que está na fase de acumulação, de criação de riqueza, porque eles querem ter capital em excesso para trabalhar, não querem ter o dinheiro no banco. Já quando você fala com a sexta geração de uma família rica, o assunto é preservação de riqueza.

Valor: Como esse perfil de gerações altera a demanda por produto e serviço do banco?

Thiam: Um grande tópico para nós é a próxima geração, ou seja, a transmissão de patrimônio. Frequentemente a diferença entre empresas que vão bem a longo prazo e as que não vão é como esse processo é administrado. Questões como que papel a família tem na administração do negócio ou como o patrimônio será transferido à próxima geração são coisas que lidamos com frequência e que são experiências muito válidas para jovens empresários. Criamos uma rede de relacionamentos da próxima geração, conectamos os filhos dos nossos clientes uns com os outros. Para o longo prazo, as novas gerações de famílias que são ricas há muito tempo estão muito ligadas à filantropia, investimentos responsáveis, ESG, como criar e administrar uma fundação.

Valor: Então filantropia não é o terror dos gestores de fortuna?

Thiam: Não, as pessoas ficam surpresas com quanta coisa fazemos nesse sentido. Quando encontro um cliente por uma hora, passamos 10 minutos falando sobre retorno dos investimentos e alocação, e o restante do tempo sobre filantropia.

Valor: E no caso dos emergentes?

Thiam: São empresários expandindo seu negócio, tem demanda forte de banco de investimento para levantar capital, para comprar concorrente, entrar em novo segmento ou país. Muitos empresários têm todo seu patrimônio na companhia que criaram e querem uma casa, um barco, então o banco ajuda a monetizar essa riqueza, emprestando capital contra esse patrimônio, por exemplo. Vemos países em que podemos fazer mais. O Brasil é um deles, o México, na Ásia podemos ter atuação maior na Índia, na Coreia do Sul.

Valor: Como o Brasil se insere na estratégia do banco?

Thiam: Estamos na fase de crescer nosso negócio no mundo e nesse contexto o Brasil é um mercado importante. É um país de empresários e queremos ser o banco dos empresários. Uma empresa cria emprego, gera riqueza. O potencial de longo prazo aqui é fenomenal, um dos maiores países do mundo, demografia jovem, tem capital humano.

Valor: O cenário econômico global demanda ajuste de estratégia?

Thiam: Há um número de questões guiadas por política que são fontes de incerteza, como a guerra comercial entre China e Estados Unidos e a discussão sobre o Brexit. Nossa abordagem é ter cautela, manter custo e risco baixos. Não acredito em uma recessão nos Estados Unidos, mas desaceleração. A queda de juros em vários mercados também demanda ajustes de estratégias e a nossa visão é que os juros ficarão baixos por muito tempo. O Brasil será uma das poucas grandes economias do mundo com juro real positivo. Isso vai tornar o país muito atrativo.”

Tem sido frequente em nossos estudos e divulgações o tema da instabilidade política e econômica na história do Brasil, o que afeta diretamente a vida democrática, que é distinto de regime eleitoral democrático. A estabilidade é condição muito importante para a acumulação dos patrimônios familiares e sua perpetuidade.

Nossa democracia é frágil, por razões morais, éticas e institucionais, e também pelo baixo padrão de poder aquisitivo da população.

Como afirmou Goethe, “A lei é poderosa; mais poderosa porém é a necessidade”.

É aético, não é patriótico, não é inteligente, e não é prudente, a baixa escolaridade geral da população brasileira, visto que o Estado é suportado pela receita tributária que decorre da produção pelo trabalho de todos os habitantes do País. O padrão da escolaridade se projeta diretamente na violência, na solidariedade, na produtividade econômica, na vida democrática, na estabilidade econômica e política. É antieconômico para o Estado o baixo padrão de escolaridade.

O “PAPER”26 “Tema: Educação, instrução e ética”, denuncia que o sistema de ensino no Brasil não tem o responsável que possa ser cobrado (o responsável tem que ser o Prefeito do Município, que deve ter a instrução básica e profissionalizante como competência constitucional, afirma o “PAPER”26).

A mídia com frequência tem alertado para as ameaças à democracia (“Protejam a democracia brasileira, tão arduamente erguida”, em seu último pronunciamento no STF, Raquel Dodge, como procuradora-geral da República).

Acrescentamos, “protejam” e desenvolvam a democracia; seu desenvolvimento requer aprimoramentos institucionais (o principal deles é o sistema partidário) mas também, para maior independência e segurança do cidadão, o adequado padrão de poder aquisitivo geral da população, que enfim resulta em elevar o patamar do PIB do Brasil. Ser democrático é mais difícil para um povo pobre. A democracia requer democratas. Não é democrata representante do povo agarrado a privilégios como o “auxílio-moradia”.

Movimentação importante pode estar acontecendo no País. O jornal “O Estado de S. Paulo” de 15/09/2019 pg. A10 apresenta duas matérias, uma é “Anticrime na mira dos advogados” e a outra é entrevista do sociólogo Luiz Werneck Vianna (PUC-RIO) sob o título “Maior trincheira da democracia é a Carta de 1988”, com que concordamos desde que façamos a revisão constitucional frustrada em 1993 para a construção do Estado que o Brasil precisa para o progresso econômico e vida democrática.

É muito bom que o presidente do importante Banco Credit Suisse nos veja “com bons olhos”, mas é preciso que o brasileiro “faça o dever de casa”; ele quer clientes ricos.

A seguir relacionamos matéria divulgada pela mídia (acessível no Portal):

  1. “Protejam a democracia” e “Independência é princípio básico”, Estadão, 13/09/2019, pg A6.
  2. “Os ‘partidos’ estão partidos?”, Estadão, 13/09/2019, pg. A2.
  3. “No Congresso, 93% tem auxílio-moradia” (“apenas 43 dos 594 parlamentares não utilizam imóveis funcionais ou repasses em dinheiro para pagar as noites que passam em Brasília”), Estadão, 13/09/2019, pg. A11.
  4. “Instituições tem de ficar alerta contra ataques à democracia”, jornal Valor Econômico, 12/09/2019, pg. A18.
  5. “Maior trincheira da democracia é a Carta de 1988” e “Anticrime na mira dos advogados”, Estadão, 15/09/2019, pg. A10.

A democracia fundada no Estado de Direito e na cidadania não é uma estação de chegada, mas uma maneira de viajar, visando desenvolvimento econômico, político e social para tornar o Brasil a melhor nação do mundo para se viver bem.

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