Empresas avaliam trocar a B3 por EUA
Com migração para a Bolsa americana, companhias querem fugir da volatilidade do mercado local e ter acesso a recursos para bancar projetos de expansão no exterior
Fernanda Guimarães, O Estado de S.Paulo – 28 de novembro de 2021
Um grupo de empresas brasileiras com ações na B3 – entre elas, Banco Inter, Locaweb, Americanas e Natura – se prepara para negociar seus papéis nos EUA. Depois de o País ter visto um movimento de companhias abrindo capital diretamente em Nova York, como a XP e a Stone, agora empresas tradicionais, que já têm papéis listados no mercado de São Paulo, buscam migrar para o exterior.
Por trás dessa movimentação, está a busca por estabilidade e menor exposição ao risco Brasil, além da facilidade de acesso a novos investidores para financiar ambições de internacionalização. Até sexta-feira, o índice S&P 500 registrava alta de 22% no ano, enquanto a Nasdaq exibia variação de 20%. Na contramão, o Ibovespa amargava baixa de 14%.
Para fazer esse movimento rumo a Nova York, as empresas terão de abrir uma sede lá fora – a Natura, por exemplo, deve optar por uma holding. Na semana passada, o conselho do Inter deu o aval para a mudança. Já a Locaweb, de serviços digitais, e a gigante Americanas estão se organizado para trilhar o mesmo caminho.
Mas o que muda na prática? As empresas passariam a ter uma dupla listagem em Bolsa – com recibos de suas ações (os chamados BDRs) oferecidos na B3, mas tendo os EUA como o mercado principal para a negociação dos seus papéis. E passariam a se reportar também ao regulador americano.
Do lado dos investidores, em vez de ter nas mãos diretamente ações da companhia, passariam a ter acesso aos BDRs. E aí, além do risco da variação do mercado, teriam de enfrentar as flutuações do câmbio. Se alguma empresa vier realmente a mudar seus papéis para os EUA, o investidor local terá dois caminhos: receber o valor equivalente ao papel em BDR ou, então, vender a ação.
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