MANIFESTO PELA PACIFICAÇÃO DE UM PAÍS DIVIDIDO
ASSOCIAÇÃO GRITA!
MANIFESTO PELA PACIFICAÇÃO DE UM PAÍS DIVIDIDO
Em política é mais fácil da indignação nascer o desejo de eliminar o outro do que criar coragem para encontrar caminhos construtivos. Esta é a diferença essencial entre a barbárie e a democracia. Do “eu” nasce a barbárie, do “nós” floresce a democracia.
Quando os três poderes garantidores do Estado Democrático perdem a estima do Povo a barbárie aparecerá com violência muito maior. Infelizmente, é o que temos no Brasil. Não por acaso, o alvo da dessacralização atingiu simultaneamente os três prédios símbolos da República.
Além de rotular o incidente pelo que é – um ato de vandalismo surgido em meio a manifestações pacíficas – as autoridades deveriam se perguntar “onde erramos?”.
A opção entre valer o “eu” ou valer o “nós” não é obra do acaso. Pelo contrário, as opções são sempre laboriosamente construídas. O passo a passo deste infeliz ato de barbárie pode ser acompanhado pelos comportamentos disruptivos dos Poderes da República:
- O Poder Judiciário tornou-se a fonte da insegurança jurídica no país, ao permitir que a Suprema Corte desfaça seus próprios atos ou promova decisões monocráticas em temas de grande importância social e econômica. Enquanto isso, seus Ministros, aparentemente insensíveis às aflições do Povo, ganham notoriedade e perdem autoridade comparecendo a festas impróprias ou fazendo turismo internacional extemporâneo.
- .O Poder Executivo que assume agora o mandato está mais interessado em fazer valer seus 2% de vantagem nas eleições do que entender que recebe para governar um país dividido. Parece fazer questão de ignorar metade da população brasileira, apesar de cumprir o protocolo ao anunciar que irá governar para todos. Não foi isso que se viu durante a preparação da transição entre mandatos.
- O Poder Legislativo, muito ativo em promover leis que lhes favoreçam distribuição de benesses em suas bases eleitorais, mais uma vez é campeão no seu esporte favorito, a omissão. O Poder Legislativo não está sequer limitando as ações de invasão de seu território pelo Poder Judiciário. O que fez até agora a maior bancada da nova Legislatura que é favorável ao Governo que terminou seu mandato? Claramente, o Poder Legislativo deveria ter ouvido as lideranças dos acampamentos pacíficos e lhes dar voz e representação.
E o que dizer sobre o Quarto Poder? A imprensa livre está intimidada. O direito à livre opinião está em extinção. E o Poder Legislativo continua omisso. Mau presságio.
Sem um “mea culpa” das autoridades no comando dos três Poderes e sem liberdade de imprensa, a responsabilização de cidadãos que usam da violência para fazer valer seu ponto de vista não será eficaz. Exterminando alguns, outros os sucederão. E, fatalmente, a escalada da violência irá acontecer. A perspectiva de um cenário de continuadas e crescentes manifestações cada vez mais violentas de parte à parte é realista.
A Associação GRITA! não apoia manifestações violentas. Mas para que elas terminem será necessário que o Poder Legislativo, através dos representantes do Povo recém-eleitos para a Câmara e o Senado, assuma suas responsabilidades legais e exerça a liderança de um processo de pacificação da sociedade.
Ainda temos tempo antes que a irracionalidade tome as rédeas do destino do nosso País.
11 de janeiro de 2023.
Conselho da Associação Grita!
Alexandre Baulé
Arnaldo Coutinho
Carlos Roberto Teixeira Netto
Cassio Taniguchi
Eduardo Guy de Manuel
Luiz Maria Guimarães Esmanhoto
Manoel Afonso Loyola e Silva
Raul Del Fiol
Roberto Heinrich
ARTIGO899