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Nível do Guaíba cai, mas previsão agora é de mais chuva

Por Renata Okumura, Gabriel Belic e Giovana Frioli, O Estado de S. Paulo, 10/05/2024

O nível da água do Lago Guaíba, em Porto Alegre, baixou do nível de 5 metros ontem. Foi a primeira vez que isso ocorreu em cinco dias, segundo a prefeitura da capital gaúcha. Mas continua 1,89 metro acima da cota de inundação e a previsão de meteorologistas de chuva forte para os próximos cinco dias preocupa.

De acordo com a Climatempo, em Caxias do Sul, por exemplo, de 1 a 8 de maio choveu aproximadamente 450 mm, que é o triplo da chuva normal para todo o mês. E ainda há previsão de chover cerca de 300 mm até a próxima segunda. “Não cabe mais água no solo nem nos rios. Esse volume de chuva vai ter de ser escoado para outras áreas”, afirma Josélia Pegorim, da Climatempo.

Em praticamente todo o Rio Grande do Sul choveu pelo menos o dobro do normal apenas na primeira semana do mês. “A média normal de chuva em maio, em quase todo o Estado, varia de 140 mm a 180 mm. No litoral sul, a média fica entre 100 mm e 140 mm. Então, a perspectiva de chover 300 mm, em cinco dias, significa dobrar a média em grande parte do Estado”, diz a meteorologista.

Segundo Josélia Pegorim, o que se espera para os próximos dias são novos eventos de chuva generalizada e forte sobre o Estado. “Os maiores volumes de chuva vão cair na Serra Gaúcha, onde nascem os rios que depois vão para os Vales (Jacuí, Taquari) e parte desta água vai para o Guaíba”, alertou.

Os fortes temporais que castigam o Rio Grande do Sul neste início de maio foram provocados pela presença de uma massa de ar fria que veio do sul (Argentina) e se estacionou sobre o Estado gaúcho por causa da presença de uma massa de ar seco e quente que se estabeleceu no Centro do Brasil – a mesma que vem provocando calor nos Estados do CentroOeste e Sudeste, onde o alívio nas temperaturas só deve ocorrer na próxima semana.

Como esse bloqueio tem impedido a passagem da massa de ar fria, a região que fica abaixo dessa massa acaba sofrendo com a intensa instabilidade e com uma precipitação constante, explicam os meteorologistas da MetSul. Parte da chuva semiestacionária aconteceu sobre a Serra e os Campos de Cima da Serra, regiões de nascentes de grandes rios do Estado, como Taquari e Caí, que também registraram cheias históricas, o que contribuiu para as inundações.

NEGACIONISMO. Perfis negacionistas nas redes sociais têm compartilhado diferentes teorias conspiratórias para rejeitar os efeitos das mudanças climáticas na tragédia ambiental no Rio Grande do Sul. Postagens falsas creditam a catástrofe à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), ao programa Haarp e até mesmo a um suposto ritual da cantora Madonna.

Em entrevista ao Estadão, o professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Rodrigo Paiva ressaltou que existe um consenso na comunidade científica internacional sobre a interferência do aquecimento do planeta no aceleramento do ciclo hidrológico. É por esse motivo que existem chuvas mais intensas em alguns lugares e secas em outros.

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