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PAPER 159: Projeto de País (EU SOU BRASIL!!!)

Tema:  “Administração do país Brasil.” – 3

“As elites da América Latina só conseguem se sentir ricas quando rodeadas de pobres.”

Victor Bulmer – Thomas, cientista político inglês

 

A TV Cultura exibiu um Documentário dia 11/01/2024, quinta-feira, às 20:00 hs, no qual, pela composição e quantidade dos participantes, resultou em comentários breves e salpicados de fatos econômico-financeiros e desempenhos governamentais.

Tratou-se da História política e econômica do Brasil desde 1930, com ênfase entre o período JK e final do regime militar.

O programa estava muito bom, porém pecou pela limitada divulgação prévia, que produziria melhor proveito, para informação e formação, das gerações que não vivenciaram os episódios daquela época. Foram revelados e comentados, em especial aos cidadãos nascidos após 1964, ou seja, os brasileiros eleitores atualmente com menos de 60 anos de idade, que perfazem 80% do total dos 156 milhões de eleitores do País. São os eleitores que escolhem seus representantes, que ao final fazem a História.

Por oportuno o cientista político Bolivar Lamounier divulgou pelo Estadão, em 31/12/2023 p.C8, artigo sob o título “Quantos desastres cabem em duas décadas”, no qual abrangeu, com profundidade,  episódios políticos  em todo período republicano, citado no PAPER 158.

Programas televisivos dessa natureza deveriam predominar na mídia, o que contribuiria para a melhor governança, ou “Administração do país Brasil”.

O colunista do Estadão William Waack, em 11/01/20/24, p.A10, sob o título “Assim somos?” fez considerações importantes em que analisa a questão dos países latino-americanos, inclusive a situação político-institucional, para concluir com uma pergunta. A seguir trechos parciais transcritos:

Países latino-americanos são muito diferentes entre si e muito similares em pelo menos dois pontos. Não conseguem frear a expansão do crime organizado. Não conseguem promover de forma sustentável a expansão da economia.” (…)

(…) “… A complexidade da situação está no fato de serem comuns a esse enorme conjunto de países o desarranjo institucional e a incapacidade das diversas sociedades de se organizarem em torno de desafios percebidos.” (…)

(…) “… Segurança pública virou elemento importante em eleições recentes até em países como Chile e Argentina, que exibiam taxas de criminalidade mais ‘aceitáveis’.” (…)

(…) “O problema, diria uma antiga escola de historiadores, é cultural no sentido mais amplo da palavra. Cultura entendida como a intrincada soma de tudo: história, geografia, economia, política, sociedade. É assim que somos?”

Discordamos de eventual assertiva “É assim que somos…” (não foi assim escrito pelo colunista), como muitos assim se expressam, no sentido de ser imutável. Podemos e devemos mudar, como Einstein nos orientou: “A medida da inteligência é a habilidade para mudar.”

Análises – no dizer em 1990, do já falecido destacado engenheiro Newton Cavalieri, o Brasil está no divã há décadas, sem que tenhamos  propostas – são revividos fatos históricos importantes pontuais, cujas consequências não se enquadram numa continuidade, necessária ao progresso material e econômico. Na instabilidade reside o perigo, condição favorável à indesejada perpetuidade do subdesenvolvimento que, segundo Nelson Rodrigues, “não se improvisa, é obra de séculos”.

Enquanto o Brasil esteve nesse marasmo surgiram os asiáticos, com destaque para China e Coréia do Sul, limitando-se a esses dois para não se alongar. “É, mas o Brasil progrediu nesse período” alegam, em prejuízo da precisão e confirmando a falta de ambição, porque todo o mundo progrediu e nós apenas usufruímos desse progresso. Nos perdemos distraídos, devido à instabilidade política e econômica.

O Brasil, em situação geográfica privilegiada, ao lado do mercado consumidor  de um jovem país que se tornou Império do mundo em dois séculos, e ainda de frente para Europa Ocidental, com mercado de padrão de vida reconhecido, da ordem de 800 milhões de consumidores, perdeu a oportunidade de tirar amplo proveito dessa vantagem estratégica. A História registra que os americanos se propuseram e realizaram a façanha de “criar” a China que conhecemos hoje, mas o Brasil não participou, que tivesse sido em parte, dessa oportunidade estratégica nesses últimos 50 anos.

Esse é um fato histórico que nos possibilita relevantes ensinamentos: propostas para implementar nosso Desenvolvimento Econômico, capaz de retirar dezenas de milhões de brasileiros da POBREZA, para torná-los os consumidores de que a nossa Indústria precisa para se viabilizar, com base em “Planejamento Estratégico”.

Transcrevemos a seguir informações veiculadas pela mídia escrita, e que estão disponíveis no “site” www.conselhobrasilnacao.org,  exemplificando a importância do conhecimento dos fatos históricos; sejam pelos eleitores que escolhem e delegam poderes aos que se tornam governantes, como também por esses governantes, aos quais são atribuídas as responsabilidades pelos destinos dos países e da Humanidade.

  • Recente reportagem disponível no “site” conselhobrasilnacao.org e divulgada pelo Estadão em 09/01/2024 p.B3, sob o título “Quer entender a economia dos EUA em 2024? Olhe para 1948” que se relaciona com as próximas eleições americanas.
  • O jornal The New York Times, também divulgou pelo Estadão, em 07/01/2024 p.C8, importante estudo sob o título “O que está acontecendo com o nosso mundo?”, de autoria do colunista Thomas L. Friedman, a seguir trechos transcritos:

(…) “…antes de exagerarmos no pessimismo, é importante lembrar que estamos falando apenas de escolhas. Não havia nada de inevitável ou predefinido nelas. As lideranças e os povos sempre têm arbítrio e, enquanto observadores, não podemos cair no conto desonesto dos covardes acostumados a dizer ‘bem, não havia escolha’.” (…)

(…) “Gorbachev, Deng Xiaoping, Anwar el-Sadat, Menachem Begin, George H.W. Bush e Volodimir Zelenski, para citar apenas alguns nomes, enfrentaram escolhas dificílimas, mas optaram por um caminho na encruzilhada que levou a um mundo mais próspero e seguro, ao menos por algum tempo. Outros, infelizmente, fizeram o oposto.” (…)

(…) “…é através desse prisma das escolhas que desejo examinar o assunto que tem consumido a mim e, ouso dizer, a boa parte do mundo desde 7 de outubro: a guerra entre Israel e Hamas. Ela não era tão inevitável quanto algumas pessoas querem fazer parecer.” (…)

(…) “…como o regime islâmico do Irã precisa da hostilidade contra os EUA para justificar sua mão de ferro controlando a sociedade iraniana e o controle da Guarda Revolucionária sobre todo o contrabando.

Exatamente como o Hezbollah precisa do seu conflito com Israel para justificar o treinamento do seu próprio exército no Líbano, controlando o contrabando de drogas e impedindo a formação de qualquer governo libanês que seja hostil aos seus interesses, independentemente de quem for eleito. E exatamente como Vladimir Putin precisa do seu conflito com a Otan para justificar sua permanência no poder, a militarização da sociedade russa e o saque dos cofres do estado por seus asseclas.

Esta já se tornou uma estratégia comum para consolidar o poder e ater-se a ele indefinidamente, usada por facções políticas disfarçada como ideologia de resistência. Não surpreende que todas essas facções se apoiem mutuamente. (…)

(…) “Foram escolhas fatídicas.” (…)

  • O Estadão de 14/01/2024 p.C8 até C11, sob o título “A longa história de um conflito” de autoria de Eurípedes Alcântara, abordando que “Disputas entre Israel e Palestina tocam em questões históricas, morais, étnicas, religiosas e geopolíticas”, mostrando o dilema israelense, “Israel é uma nação destinada a sofrer as dores de conectar o Oriente ao Ocidente e as tensões de ligar o passado ao futuro”. Alguns trechos do texto, que ajuda na formulação deste PAPER 159:

(…) Os ataques terroristas sofridos por Israel em 7 de outubro e a invasão por terra da Faixa de Gaza reabriram feridas nunca cicatrizadas totalmente.

Setenta e cinco anos depois de sua criação, Israel está de volta ao núcleo central dos questionamentos internos e externos que marcaram sua existência. 126 anos depois de ser proposto, o sionismo voltou a se confrontar com suas contradições históricas, tendo como palco, dessa vez, a opinião pública mundial.

Vamos revisitar aqui as questões históricas, morais, étnicas, religiosas, geopolíticas e militares do sucesso que teve, no final do século 19, um grupo obstinado de judeus europeus em conseguir viabilizar a criação de uma nação destinada a sofrer as dores de conectar o Oriente ao Ocidente e as tensões de ligar o passado ao futuro. (…)

(…) Antes de optar pela Palestina, o movimento sionista cogitou Uganda e Argentina como países que poderiam abrigar em seu território uma pátria soberana dos judeus. A Argentina, por ser um país de imigrantes. Uganda, pelo preço baixo das terras.

A Palestina foi escolhida pelo empuxo histórico-religioso de ter sido por milhares de anos a terra ancestral dos judeus até o ano 70 d.C., quando o imperador romano Tito conquistou Jerusalém, destruiu o Segundo Templo e expulsou os judeus, dando início à Diáspora Judaica, o espalhamento dos judeus pelo mundo.

Pouco mais de 60 anos mais tarde, em 131 d.C., outro imperador romano, Adriano, abafou uma revolta popular dos judeus remanescentes na região. Para puni-los ainda mais, o imperador mudou o nome da região de Judeia para “Aelia Capitolina”, em homenagem a Júpiter Capitolino – o deus maior do panteão religioso dos romanos. (…)

(…) Na medida que aumentava o volume das levas de judeus vindos da Europa, mais claro foi ficando para os britânicos que estavam se armando na região as bases de um longo e complexo conflito.

O Relatório Peel, publicado em julho de 1937, continua sendo o mais perceptivo estudo da bomba-relógio armada na Palestina desde o aumento das imigrações em 1917. (…)

(…) “’A mais relevante entre todas as gritantes diferenças entre os sionistas e os nacionalistas palestinos talvez tenha sido a qualidade e a habilidade dos indivíduos que lideravam os dois lados: Chaim Weizmann e David Ben-Gurion foram ao mesmo tempo grandes estrategistas e operadores pragmáticos. Do outro lado despontava Hajj Amin al-Husseini, que aliou os palestinos à Alemanha nazista, perdendo assim toda a simpatia que poderia, de outra maneira, ter angariado dos Aliados, vencedores da 2.ª Guerra. Não menos importante, porém, foi a incapacidade dos árabes de construírem qualquer arremedo de instituições de Estado em seus territórios, sendo governados por líderes dogmáticos e autocráticos. Não foi surpresa, portanto, que ao tempo da criação do Estado de Israel, os palestinos se encontrassem em séria desvantagem.’” (…) (Abdel Monem Said Aly, Shai Feldman e Khalil Shikaki autores de ‘Arabs and Israelis – Conflict and Peacemaking in the Middle East’)

(…) “‘Por que devemos reclamar do ódio ardente deles por nós? Por oito anos, eles estão sentados nos campos de refugiados em Gaza, nos observando transformar em nossas, as propriedades, terras e as aldeias onde eles e seus pais habitavam. Mas não temos escolha a não ser lutar. Esta é a escolha da nossa vida, estarmos preparados, armados, fortes e determinados. Sem o capacete de aço e o fogo do canhão, não poderemos plantar uma árvore e construir uma casa. O ódio que inflama e preenche a vidas das centenas de milhares de árabes que vivem ao nosso redor não pode nos distrair nem deixar que nossos braços se enfraqueçam.’” (Moshe Dayan, o grande general de Israel disse em 1956) (…)

(…) “O ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro, mais uma vez afastou do cenário a ideia da convivência pacífica, mesmo que tensa, no Oriente Médio. Israel deixou de ser apenas um propósito nos corações e mentes de alguns judeus europeus do século XIX e se tornou uma realidade inamovível. É a partir dessa realidade que as soluções devem ser buscadas.”

Após todas essas informações dos sofrimentos e lutas continuadas de outros povos, o Brasil precisa se preparar,  porque sempre está em jogo a soberania nacional; temos a tradição de não mudança que vem da estrutura do Estado Imperial e que avançou pela República. O americano estrategicamente decidiu (Nixon/Kissinger) “criar” a China de hoje, em 1970, e também decidiu orientar-se pelo “nearshoring” no pós pandemia (Joe Biden). Mudar!

Mas as mudanças para nos levar ao Brasil melhor, ou seja, “o melhor do mundo para se viver bem”, assim como aos países da região latino-americana melhor, requerem decisões de líderes à altura da tarefa. Estes  precisam iniciar pela postura de abandonar o “faz de conta”, o “deixar como está para se ver como fica” (atribuído a Vargas), o “tapar o sol com a peneira”, o “jeitinho”, o “absorver-se em inúmeras instituições coletivas de países”, muitas vezes em prejuízo do interesse nacional de cada um deles (Mercosul, BRICS, OCDE, FMI, Banco Mundial e tantos outros); contratam a perda de liberdade de escolha individual de cada país ao submeter-se a decisões coletivas dos integrantes das partes – vejam-se o Acordo EU X Mercosul, sujeito à aprovação de 27 países da UE e do Mercosul. É uma armadilha para dar em nada – só resulta reuniões e custos, e publicidade de que se está trabalhando; além de serem desproporcionalmente díspares do poder (político e militar) dos pares. Também, o “pretender  protagonizar por soluções mundiais como clima, guerra, tecnologias de última geração que só os poderosos conseguem”, quando devem se dedicar-se ao “aqui e agora”, o “dever de casa” como prioridade, para contentar-se e contar com os sábios e pensadores que já existem no Brasil, que sejam comprometidos com o bem comum e o interesse nacional brasileiros.

Para exemplificar sábios e/ou pensadores citamos um deles através do artigo transcrito a seguir na íntegra, pelo qual divulgou seu pensamento divulgado no Estadão:

“Enquanto dormia Gulliver foi amarrado…

05 de maio de 2018

Crises fazem grandes líderes, construtores de suas nações… Mas não no Brasil.

“Depois do naufrágio, Gulliver com muito esforço consegue chegar à praia. Atira-se ao chão e adormece profundamente.

Ao acordar não consegue se mover. Estava amarrado ao chão dos pés à cabeça, inclusive pelos cabelos”

‘Viagens de Gulliver’, Jonathan Swift, 1726

Mais recentemente, quando penso no Brasil vejo a imagem de Gulliver amarrado ao chão. Somos neste 2018 um Gulliver atado. Enquanto dormíamos o tempo passou e com ele, as oportunidades. Embora gigante, não conseguimos nos livrar das amarras com que os habitantes de Liliput – homenzinhos de uns 15 cm de altura – nos prenderam.

Por que não conseguimos nos livrar das amarras? Porque nós mesmos, na inconsequência de quem acha que sempre haverá tempo, nos entregamos a uma política sem grandeza que nos levou à paralisia. Amarrados a uma crise de natureza social, política, econômica e cultural, desativamos as defesas com que podíamos vencer a crise.

Crises são desafios que devem convocar o melhor que temos para enfrentá-las. São oportunidades que fazem surgir líderes com lucidez, coragem, persistência e visão. Infelizmente, precisamos buscar esses líderes na História e em outras nações. São indivíduos que, como Lincoln, Gandhi, Churchill, De Gaulle, Roosevelt, estiveram à altura do momento em que lideravam seus povos. Crises fazem grandes líderes, alguns até mesmo construtores de suas nações… Mas não no Brasil.

Não podemos usar a crise como alavanca para o avanço por que não podemos contar com nossas instituições políticas: os três Poderes estão amarrados como Gulliver.

Senadores e deputados, o Executivo e seus ministérios perderam as condições para resolver a crise. Preocupam-se com os processos em que estão envolvidos e na reeleição. Protelam decidir matérias de gravidade como a Previdência. Não bastasse, o STF, pelos conflitos pessoais e políticos que abriga, se autobloqueia.

Como superar uma crise dessa gravidade se vivemos uma batalha surda em que grande parte dos valores indispensáveis à convivência social e a uma cultura política democrática são desprezados e contestados, dividindo a Nação em blocos antagônicos?

Nossa política foi penetrada por práticas e princípios que se opõem abertamente aos valores centrais de qualquer democracia. Nossa política deixou em segundo plano a discussão sobre políticas públicas para discutir a própria organização da sociedade. Abriram-se então as comportas para que todos os valores que regulam a vida social entrassem em questionamento: família, religião propriedade, crime, liberdade de imprensa, mercado, competição, democracia representativa, livre-iniciativa, educação, liberdade de imprensa, responsabilidade individual, mérito.

Pratica-se aberta e ostensivamente uma política em que as ideologias penetram todas as esferas da vida como uma nova ética; em que as relações pessoais e familiares são inferiores em importância às relações fundadas na ideologia; em que todo aliado é virtuoso e bem-intencionado e todo adversário é mal-intencionado e criminoso; em que se nega a existência de princípios absolutos na moral e na religião; em que se confunde educação e doutrinamento; e na qual o objetivo buscado legitima qualquer ato que contribua para atingi-lo.

Não são poucos os que argumentam que toda disciplina é odiosa; toda autoridade legal é ilegítima; que a liberdade verdadeira só existe quando há igualdade absoluta; que a responsabilidade é um conceito perigoso porque provoca desigualdades e individualiza situações que deveriam ser coletivas; que toda diferença social é uma exploração; que o mérito é um critério pernicioso por provocar a discriminação e a desigualdade; que todo delinquente é vítima; que a verdade e todas as demais virtudes são relativas.

Já se diz entre nós que obedecer e fazer obedecer à lei e punir criminosos faz mal à economia do País; que, dependendo de quem é acusado, a culpa é absolvida pela intenção; em que “se eu fiz, mas tu também fizeste” estamos iguais, nenhum pode acusar o outro e eu estou inocentado.

Já se pratica uma política em que a lei vigente poderá ser respeitada sempre que for politicamente conveniente, caso contrário ela deverá ser assediada e contestada continuadamente para desgastá-la e derrogá-la na prática. Neste contexto, a qualidade da discussão política cai dramaticamente: o grito equipara-se ao argumento, a coerência é substituída pela desfaçatez, a ousadia afasta a prudência; a mentira se impõe como verdade; a publicidade se encarrega da persuasão.

Esta listagem nem se tornou ainda universal em nossa cultura política, nem esgota as linhas de conflito nessa batalha política pelos corações e mentes dos brasileiros. Vivemos, se me é permitida a ousadia de afirmar, uma “situação constituinte”, por via da qual normas são derrogadas e caem em desuso pelas manifestações de rua e pela ousadia dos atrevidos, perante as quais os Poderes se submetem pelo silêncio.

Esta listagem, embora reduzida, dá uma ideia do quanto nós avançamos na destruição dos fundamentos de uma sociedade democrática, próspera e civilizada. Ela nos alerta para o quanto já foi perdido e será necessário recuperar.

O fato é que muitas de nossas escolhas foram erradas e, quando não erradas, fracas; nossas decisões sempre evitam o custo político das ações; nossa percepção do tempo é singular: vivemos um presente fugaz, mas sem sacrifícios; para trás está o território das heranças malditas e para a frente, o futuro que certamente será glorioso, ainda que nada façamos para realizá-lo. No tempo presente nossa convicção mais profunda é de que o Estado sempre terá recursos para bancar a despesa pública; a tarefa do governo, então, é distribuir, não estimular a produção, e quando faltar aumenta-se a despesa e se compensa tirando a gordura dos que têm mais.”

O cientista político deixa a mensagem de que as instituições não mudam, para a militarem-se a fazer as mudanças que levem o País ao progresso, ao Desenvolvimento, seus integrantes “não irão serrar o galho no qual estão sentados”.

A dicotomia Direita X Esquerda que se alastra mundo democrático afora deve beber ensinamentos do advogado e professor da UFRGS, em seu artigo no Estadão de 30/10/2023 p.A4, sob o título “Sem esquerda nem direita”, do qual transcrevemos trechos, a seguir:

(…) “O problema é que só teremos boas regras se tivermos bons Parlamentos. E só teremos bons Parlamentos quando a democracia exaltar líderes capazes de bem compreender a realidade posta e, mediante dialética política séria, criar normas justas e praticamente aplicáveis. Indo adiante, a aplicação das boas regras exige um Executivo responsável e comprometido com a realização do projeto político democrático. Igualmente, cabe a governantes e legisladores defender a prerrogativa política que o voto lhes dá, protegendo a democracia de investidas extravagantes das Cortes constitucionais e da indevida sobreposição do jurídico sobre o político. Em outras palavras, interpretar a Constituição não é esvaziar Parlamentos nem subjugar governos legitimamente eleitos.

O desafio urgente, portanto, é vencer o vazio político e o sentimento de frustração democrática. A corrente hipertrofia de poder das Supremas Cortes – o fenômeno não é apenas brasileiro – não durará para sempre. O motivo é simples: não se governam países, ainda mais continentais, por sentenças judiciais. O protagonismo atual é transitório e, como bem ensina a História, não se sustentará por longo período. Agora, se realmente queremos e acreditamos na democracia, fundamental compreender o porquê da circunstância atual e, ato contínuo, implementar medidas necessárias ao resgate da credibilidade da política perdida.” (…)

(…) “…o diagnóstico é categórico: o Brasil é desgovernado porque frágil em sua estrutura de poder. Diante de tal fragilidade estrutural, mais fácil ser autoritário do que ter autoridade. Alguns fatos saltam aos olhos; impossível não ver. Aliás, se o autoritarismo é relativo, a decrepitude institucional soa absoluta. Paradoxalmente, temos Constituição, mas estamos ficando sem lei. E, quando a legalidade afunda, a democracia perde suas boias de sustentação. Tudo sob o olhar complacente de uma esquerda melancólica e de uma direita pífia.”

 

CONCLUSÃO

 

É verdade, para a edição deste PAPER 159, que foi feliz o título escolhido por Thomas L. Friedman em sua coluna no jornal The New York Times (USA) “O que está acontecendo com o nosso mundo? . Estamos vivendo tempos difíceis e ameaçadores, como nos lembrou o economista e professor da Stern School of Business da Universidade de Nova York (tratado no PAPER 158 – anterior), Nouriel Roubini.

Apavorar-se, a ponto de ficar imobilizado,  é a pior atitude que um brasileiro deve assumir.

Nossa concepção é a de que devemos ter a lucidez e a grandeza de exercer a humildade, para enxergarmos o nosso tamanho e fazer o que é o nosso dever, como povo – para com quem temos obrigações, todos, os governantes, os empreendedores e a sociedade civil.

A gravidade dos problemas e a velocidade da propagação das consequências, por não terem soluções apropriadas e em tempo hábil, estão no ritmo atual e na proporção que o próprio homem criou. Portanto, nada a reclamar.

Da avaliação das informações, contidas na íntegra deste PAPAER 159, é evidente que muitas vezes “buscamos respostas no lugar errado”, ou que não sejam as melhores para nós, nosso país, nosso povo.

Buscar consultoria estrangeira é um frequente e lamentável equívoco: os outros países, mesmo aliados em quem supostamente se possa confiar, são cooperadores, mas indubitavelmente competidores – Maquiavel já recomendava em 1.500 que o príncipe só deve contar com as suas próprias forças.

A grande maioria de nossos problemas tem explicação na POBREZA, no atraso.

Para educar nosso povo, dar-lhe a atenção adequada à saúde, à segurança pública, ao bem-estar em geral, é preciso dinheiro, que só virá com o Desenvolvimento Econômico – fora da agenda brasileira já há  quatro décadas.

Mas vamos adiantar nesse assunto. Esse diagnóstico é conhecido pelos analistas, e onde estão os “fazedores”, a começar por fazer um Plano Estratégico do Desenvolvimento do Brasil, cuja implantação deverá avançar por gerações, mais que décadas? Esse é o dado político para nossa geração.

Este PAPER contém o diagnóstico institucional, político, social e cultural apresentado pelo cientista político, professor e ex-reitor da UFRGS, Francisco Ferraz, do qual se conclui que os “fazedores” que são as instituições constitucionais e legais estão inadequadas. As mais importantes delas são os Partidos Políticos que, no interesse nacional e o bem comum, precisam passar a buscar eleger melhores e mais habilitados líderes e estadistas, na sociedade. “Mas os eleitos representam o povo” – falácia, os integrantes das instituições “jamais irão serrar o galho no qual estão sentados”.

Todas as informações oferecidas por este PAPER 159 tratam de falhas, pelos mais variados motivos, na escolha de decisores, de líderes em posições de poder. O mundo está perigoso, ameaçador? Decisões e escolhas erradas, no que respeita ao bem comum da Humanidade, não só de um país, ou outro apenas.

O Brasil não conheceu ainda o Desenvolvimento, desde a República em 1891, a qual foi instaurada com base na expectativa do sucesso do Federalismo democrático e econômico que ao final os EUA vieram a realizar. Certamente desde lá em 1891 houveram decisões erradas – cobradas agora após 130 anos.

A releitura da argumentação deste PAPER, bem como a íntegra dos artigos citados, disponíveis no “site” www.conselhobrasilnacao.org, que antecede sua CONCLUSÃO, possibilita identificar equívocos e/ou erros por decisões de governantes. Sendo cercados por suas estruturas decisórias (incluídos sociedade civil e empreendedores) em momentos históricos e decisivos,  levaram a quantas guerras, tragédias, sacrifícios para os seres humanos atingidos. É o caso, pois o conflito Israel/Hamas e a questão Palestina têm origem quando “A Palestina foi escolhida pelo empuxo histórico-religioso de ter sido por milhares de anos a terra ancestral dos judeus até o ano 70 d.C., quando o imperador romano Tito conquistou Jerusalém, destruiu o Segundo Templo e expulsou os judeus, dando início à Diáspora Judaica, o espalhamento dos judeus pelo mundo.

Pouco mais de 60 anos mais tarde, em 131 d.C., outro imperador romano, Adriano, abafou uma revolta popular dos judeus remanescentes na região. Para puni-los ainda mais, o imperador mudou o nome da região de Judeia para “Aelia Capitolina”, em homenagem a Júpiter Capitolino – o deus maior do panteão religioso dos romanos.”

 (…) Em janeiro de 2006, os palestinos realizaram eleições com a esperança de conferir à Autoridade Palestina legitimidade para administrar Gaza e a Cisjordânia. Houve um debate entre israelenses, palestinos e funcionários do governo Bush a respeito da permissão ao Hamas para que participasse nas eleições ou não, afinal o grupo havia rejeitado os acordos de paz de Oslo com Israel.

Yossi Beilin, um dos arquitetos israelenses de Oslo, me disse que ele e outros argumentaram que o Hamas não deveria ser aceito na eleição, opinião ecoada por muitos membros do Fatah, o grupo de Arafat, que havia aceito as propostas de Oslo e reconhecido a existência de Israel.

Mas a equipe do governo Bush insistiu para que o Hamas pudesse participar sem ter reconhecido Oslo, na esperança de que o grupo fosse derrotado e, finalmente, refutado. Infelizmente, por motivos complexos, o Fatah promoveu um número muito grande de candidatos em muitos distritos, dividindo o eleitorado, enquanto o Hamas, mais disciplinado, promoveu candidaturas específicas e conseguiu ficar com a maioria no parlamento.

Então o Hamas se viu diante de uma escolha fundamental: agora que controlava o parlamento palestino, o grupo poderia trabalhar dentro dos Acordos de Oslo e do protocolo de Paris que regia os laços econômicos entre Israel, Gaza e a Cisjordânia… ou não.

O Hamas optou por não fazê-lo, tornando inevitável um confronto entre Hamas e Fatah, que defendia Oslo. No fim, o Hamas expulsou violentamente o Fatah de Gaza em 2007, assassinando alguns de seus representantes e deixando claro que não seguiria os Acordos de Oslo nem o protocolo de Paris. (…)

Como assegurar que o Brasil, até um século à frente, possa manter a integridade de seu atual território que é parte integrante da Soberania Nacional, se o país não agir agora para suprir essa carência de líderes, estrategistas e operadores pragmáticos, capazes de elevá-lo à condição de potência política, econômica, militar, que se faça respeitar e exercer protagonismo em favor do interesse nacional, na geopolítica?

É o significado da ferramenta de “Administração do país Brasil” que se denomina “Planejamento Estratégico”, do qual não escaparia a inclusão do movimento “nearshoring” (a proximidade com um grande mercado, como os USA), do que a Indústria brasileira tanto precisa, porém requererá outros líderes no comando, provenientes de outros Partidos Políticos.

A democracia fundada no Estado de Direito e na cidadania não é uma estação de chegada, mas uma maneira de viajar, visando ao desenvolvimento econômico, político, cultural e social para tornar o Brasil a melhor nação do mundo para se viver bem.

 

NOTA1: Respondendo ao questionamento “posso encaminhar ou recomendar PAPERs e PropostA”? SIM, inclusive nos enviando seus comentários.

NOTA2: A instituição e divulgação via PAPERs e Propostas tratam de temas de interesse público. Você tem retransmitido para seus contatos? É forma importante, eficaz e eficiente, de participação no conceito de Comunidade, para fazer o bem comum, no exercício da cidadania.

NOTA3: O texto PAPER se propõe a estudo de profundidade, referenciado em doutrinas e experiências históricas, não em “achismo”, razão de não ser obrigatoriamente sintético, destinado a inteligentes e decididos por ações transformadoras da realidade brasileira.

 

Para acessar documentos o procedimento é o seguinte: primeiro, acessar o Blog www.conselhobrasilnacao.org; segundo, após o que, das três possibilidades acesse o campo Artigo, digitando o nome completo do artigo de seu interesse; terceiro, caso você queira acessar qualquer paper basta digitar PAPER ( sem aspas, espaço), seguido do número dele; quarto, caso você queira acessar manifestos é suficiente digitar MANIFESTO seguido do número dele (de 1 a 5), ou também você pode ainda acessar o Anteprojeto de Constituição Brasil-Nação do Conselho Brasil-Nação, apresentado ao Congresso Nacional em 1993 (Revisão Constitucional), mencionado em diversos PAPERs.

 

Personalidades autoras de artigos e citações neste PAPER:

. Abdel Monem Said Aly , egípcio, Pesquisador, PhD em Ciências Políticas , Northern Illinois University

. Abraham Lincoln, foi um  político norte-americano, presidente dos Estados Unidos, de 1861 até 1865

. Adriano, imperador romano, de 117 DC a 138 DC

. Albert Einstein, físico teórico alemão, que desenvolveu a teoria da relatividade geral, um dos pilares da física moderna ao lado a mecânica quântica

. Anuar el-Sadat, militar e político egípcio, presidente do Egito de 1970 a 1981, Prêmio Nobel da Paz de 1978

. Bolivar Lamounier, brasileiro, sociólogo e cientista político

. Chaim Weizmann, cientista , primeiro presidente de Israel

. Charles de Gaulle,  general, político e estadista francês, que liderou as Forças Francesas Livres durante a Segunda Guerra Mundial, e foi presidente da França de 1944 a 1946 e de 1959 a 1969

. David Ben-Gurion, judeu polonês, escritor, político primeiro chefe de governo de Israel

. Deng Xiaoping, líder supremo da República Popular da China, entre 1978 e 1992, foi o “Arquiteto Chefe” da Reforma ( Capitalismo de Estado ) e Abertura da China

. Eurípedes Alcântara, jornalista brasileiro, foi diretor editorial da VEJA, colunista do jornal O GLOBO, atual diretor de jornalismo do Grupo ESTADO

. Francisco Ferraz, brasileiro, cientista político, professor e ex-reitor da UFRGS

. Franklin Delano Roosevelt, advogado e político norte-americano, foi presidente dos Estados Unidos de 1933 até 1945

. George W Bush, político, diplomata e empresário americano, foi presidente dos Estados Unidos de 1989 a 1993

. Getúlio Dornelles Vargas, militar, advogado e político brasileiro, líder da Revolução de 1930, foi presidente do Brasil de 1930 a 1945 e de 1951 até 1954

. Hajj Amin al-Husseini, religioso muçulmano e líder nacionalista árabe-palestino, foi presidente do Conselho Supremo Muçulmano

. Henri Kissinger, alemão, foi político, diplomata e especialista em geopolítica, que serviu como Secretário de Estado e Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos nos governos de Richard Nixon e Gerald Ford

. Juscelino Kubitschek de Oliveira, médico, oficial da Polícia Militar mineira e político brasileiro, foi Presidente do Brasil entre 1956 e 1961

. Jonathan Swift,  anglo-irlandês, escritor, panfletário político, poeta e clérigo

. Khalil Shikaki, cientista político palestino, fundador do Centro de Pesquisas e Estudos da Palestina

. Maquiavel ( Niccolò Machiavelli ) foi um filósofo, historiador , poeta, diplomata e músico florentino; fundador do pensamento e da ciência política moderna

. Mahatma Gandhi ( Mohandas Karamchand Gandhi), advogado , ativista indiano que lutou de 1920 a 1940,  pelo fim do regime colonial inglês e pela independência da Índia, tendo desenvolvido um método de manifestação não violento

. Menachen Begin, judeu russo, foi primeiro-ministro de Israel em 1977, Prêmio Nobel da Paz em 1978

. Mikhail Gorbatchev, estadista e político russo, oitavo e último líder da União Soviética , foi Secretário-Geral do Partido Comunista de 1985 a 1991

. Moshe Dayan, militar e político israelense, foi Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, de 1953 a 1958

. Nelson Rodrigues foi escritor, jornalista, romancista, teatrólogo, contista e cronista de costumes de  futebol

Brasileiro

. Newton Cavalieri, engenheiro, empresário ( Enejota Cavalieri Engenharia), foi presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo, ativista dos valores e da ética nos negócios

. Nouriel Roubini, economista americano, de origem judaico-iraniana, presidente do grupo de consultoria RGE Monitor, especializado em análise financeira

. Richard Nixon, advogado e político norte-americano, foi presidente dos Estados Unidos de 1969 até 1974;antes havia sido membro da Câmara dos Representantes , Senador e Vice-presidente dos Estados Unidos entre 1953 e 1961

. Shai Feldman, cientista político israelense, escritor, professor na Brandeis University

. Thomas Loren Friedman, jornalista norte-americano, escritor,  atualmente editorialista do jornal New York Times

. Tito Flavio Vespasiano, foi imperador romano, ocupou o poder em 69 d.C., proclamado imperador pelos seus próprios soldados em Alexandria

. Vladimir Putin, político russo e ex-oficial de inteligência, atualmente presidente da Russia, desde 2012

. Volodimir Zelenski, político, ator, roteirista, comediante e produtor/diretor cinematográfico ucraniano. É o atual presidente da Ucrânia, desde 2019

. William Waack, jornalista, professor, sociólogo, cientista político e ex-handebolista brasileiro

. Winston Churchil, foi militar, estadista e escritor britânico, primeiro-ministro do Reino Unido de 1940 a 1945, durante a Segunda Guerra Mundial , e novamente de 1951 a 1955

. Yosef “Yossi” Beilin, político, professor universitário, jornalista e estadista israelense

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