PAPER 117: Projeto de País (EU SOU BRASIL!!!)
Tema: “Reconstrução. FecomércioSP convoca.”
“Todo relacionamento (amigos, marido/esposa, chefe/subordinado, político/povo) começa
a terminar quando a alma de uma das partes envolvidas decide sair da parceria.”
Roberto Wong, engenheiro e consultor
Livro: “O sucesso está no equilíbrio”
“Reconstrução”
Abram Szajman – O Estado de S.Paulo – 07 de abril de 2021, página B2
(O que é a FecomércioSP? A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Responsável por administrar, no Estado, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac); representa um segmento da economia que mobiliza mais de 1,8 milhão de atividades empresariais de todos os portes e congrega 136 sindicatos patronais que respondem por 30% do PIB paulista – cerca de 10% do PIB brasileiro – gerando em torno de 10 milhões de empregos.).
“A pandemia resultante da covid-19 caracteriza-se como a mais abrangente e complexa crise da história da humanidade. Os contornos de seus desdobramentos permanecem envoltos pela incerteza, mas não há dúvidas de que serão profundas as transformações sobre hábitos e padrões sociais.
Problemas preexistentes, como as precárias condições de vida de expressivas parcelas da população brasileira, foram agravados a ponto de exigir do Estado uma inédita injeção direta de recursos para assegurar a sobrevivência daqueles que se viram repentinamente privados de renda.
Desde o primeiro momento em que a doença se manifestou, ocorreram erros estratégicos no plano mundial. Ao qualificarem o fenômeno como pandemia, as entidades internacionais de saúde não conseguiram estimular os governos a tratar o problema de forma coordenada. O que se viu foi um “salve-se quem puder” global, frontalmente oposto à imprescindível cooperação que deveria se guiar pelo princípio de que ninguém está seguro até que todos o estejam.
Esse desencontro se repetiu, infelizmente, em nível interno nos países mais afetados, com uma agravante: aquilo que visivelmente era uma questão de saúde pública tornou-se objeto de disputas partidárias e ideológicas incompatíveis com a gravidade do momento.
Enquanto se brigava na cabine de comando, o navio ficou à deriva. A população, na ausência de sinalização única e clara por parte das lideranças, dividida, ficou entregue à própria sorte. Em vez da ação conjunta dos Poderes da República e dos três níveis de governo, pautada pela ciência e conduzida por especialistas, assistimos a uma guerra de opiniões que se alastrou pela sociedade, produzindo dissensão e dispersão no lugar da coesão e do consenso.
O resultado é o atual cenário de terra arrasada. Além de enterrar os mortos e confortar parentes, é nosso dever social salvar as vidas que puderem ser salvas, sustentar os trabalhadores e suas famílias, dar alento aos pequenos negócios para que se mantenham, aliviando ao menos os encargos e a burocracia que os sufoca.
Quando a tempestade amainar, será difícil avaliar os imensos danos materiais e o retrocesso no padrão de vida das pessoas, que agravará ainda mais a desigualdade crônica existente em nosso país.
Uma coisa é certa: não se trata de retomada, pois não haverá continuidade; trata-se de reconstruir com base em outros princípios. Assim como a comunidade internacional deve assumir seus erros – e estar preparada para atuar sempre, de forma articulada, por meio de um pacto universal em defesa da humanidade – é preciso que no Brasil tenhamos a grandeza de promover a união nacional acima de outros interesses.
A tarefa de reconstruir requer planejamento, pois demanda providências econômicas, políticas e sociais diferentes daquelas a que costumávamos recorrer antes que nosso mundo fosse virado pelo avesso. Não podemos mais seguir ignorando as forças da natureza que hoje se voltam contra nós. Sair da armadilha que criamos exige não cometer mais os mesmos erros.
Setores profundamente afetados tanto pela pandemia como pelos equívocos cometidos no seu enfrentamento, o comércio e os serviços não deixarão cair a bandeira da esperança. Queremos ser parte do debate para pensar coletivamente uma nova economia e uma agenda de futuro, num esforço para o qual convocamos os demais segmentos econômicos e sociais. Os poderes públicos precisam agir com mais eficiência e menos custo para os contribuintes. Articular esse movimento de reconstrução é uma tarefa urgente. A sobrevivência das pessoas e das empresas depende de olharmos todos para a frente e avançarmos no mesmo rumo.”
A convocação da FecomércioSP, na pessoa do Sr. Abram Szajman (ver “PAPER”110 e “PAPER”111) em atitude de cidadania e grandeza, mais do que uma convocação para “mãos à obra”, é uma evocação à sociedade, para que paute o presente imediato; o futuro será o resultado do que for planejado e decidido agora, e implementado na sequência.
O Conselho Brasil-Nação tem procurado sempre transmitir à sociedade, a lógica, em um regime democrático ou não, de que os atores políticos objetivam apenas o poder. Raramente visam aperfeiçoar o Sistema Político, que os leva ao poder; o contrário ocorreu nos EUA, sob a liderança de Theodore Roosevelt, na virada do século XIX, a partir de cujas mudanças seu país assumiu a liderança mundial.
Um exemplo clássico entre nós foi o governo JK que, segundo a propaganda da época realizou “50 anos em 5”, cuja viabilidade foi não utilizar a estrutura do Estado. Para a construção de Brasília, o presidente solicitou a seus auxiliares, um Projeto tal que fosse a única vez a ir ao Congresso Nacional para aquele fim. Com base na Novacap a Capital foi construída e inaugurada em 4 anos.
A implantação da Indústria Automobilística confirmou a opção administrativa de JK, assim também outros empreendimentos de economia mista, tais como as empresas de geração de energia hidroelétrica.
Os cidadãos comuns, em especial os empreendedores, no exercício da cidadania, devem tomar a iniciativa de formular e propor, com isenção, visando o bem comum e o interesse nacional, aperfeiçoamentos institucionais, para corrigir as disfunções do Estado, reformular as instituições em busca de melhor eficácia e eficiência, objetivando criar condições para dotar o Estado brasileiro de melhores governos e governantes bem-sucedidos.
Mas, no ambiente político atual do País, só se fala em eleição para presidente em 2022, atitude de “fuga para frente”, com o Estado “quebrado” e o contexto político-econômico-social pós pandemia incerto, desconhecido e imperscrutável.
O próximo presidente deve ter sua eleição precedida da iniciativa acima enunciada, alinhada com a “Reconstrução” manifestada pela FecomércioSP.
Caso contrário com iniciativa apenas pós eleitoral o presidente nada poderá fazer, em regime democrático e sob a atual Constituição, sem decisão aprovada pelo Congresso Nacional, o que historicamente tem demonstrado, enquanto instituição, inapetência para as mudanças necessárias e discutidas neste espaço, visto que “Ninguém” tem sido capaz de “serrar o galho no qual está sentado”.
CONCLUSÃO
Estamos falando de mudanças que requerem dedicação, vontade política de realizá-las, comprometimento de competências próprias e adequadas – que em nosso país estão disponíveis – com foco exclusivo no bem comum e no interesse nacional, com a participação ativa e decisiva das organizações da sociedade civil, das Federações Industriais, das Associações Comerciais, das Câmaras de Dirigentes Lojistas, dos Clubes de Serviços, das Associações em geral, das Universidades e outras entidades de amplos setores.
A necessidade imperiosa da união nacional no Brasil está dada, no tremular da bandeira da esperança. “Pensar coletivamente uma nova economia e uma agenda de futuro…” a começar pela “organização da política no Brasil” é tarefa para “Que sejam iluminados os líderes brasileiros, políticos filiados ou não a partidos políticos, empresários, profissionais liberais de todas as especialidades, pensadores, acadêmicos, professores de todos os níveis de atuações, religiosos, sindicalistas, líderes sociais, para que a coragem, a ousadia, a sabedoria, as virtudes e a prudência presidam a superação dos obstáculos que o destino impôs à Nação brasileira nesta fase de sua história.” (MANIFESTO – 3 de 31/10/2016, emitido pelo Conselho Brasil-Nação, disponível no site www.conselhobrasilnacao.org).
A democracia fundada no Estado de Direito e na cidadania não é uma estação de chegada, mas uma maneira de viajar, visando desenvolvimento econômico, político, cultural e social para transformar o Brasil na melhor nação do mundo para se viver bem.
Personalidades autoras de artigos e citações neste “PAPER”:
. Abram Szajman, empresário, presidente da Fecomércio SP
. Roberto Wong, engenheiro, consultor e escritor
. Theodore Roosevelt, militar, explorador, naturalista, autor, político, 26º presidente dos Estados Unidos