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Uma nova Amazônia para o Brasil do futuro

Nos unimos há pouco mais de um ano, os três maiores bancos privados do País, com o objetivo de contribuir para preservar o bioma

Octavio de Lazari*, Sergio Rial** e Milton Maluhy Filho***, O Estado de S.Paulo

05 de setembro de 2021

O Brasil abraça a retomada do crescimento em um novo momento do mundo. A nova agenda é ampla, e nenhuma pauta revela tanto sobre o nosso futuro quanto o modelo de desenvolvimento que escolheremos para a Amazônia.

Tendo a importância do bioma em vista, nos unimos há pouco mais de um ano, os três maiores bancos privados do País, com o objetivo de contribuir de forma propositiva, com ações concretas e que se relacionem com as nossas atividades no setor financeiro, envolvendo pelo exemplo outras empresas e a sociedade em geral.

Nasceu ali o Plano Amazônia, como batizamos a iniciativa que teve como ponto de partida uma relação de dez compromissos visando ao desenvolvimento estruturado e sustentável do território amazônico.

Convidamos especialistas de alto nível para um Conselho Consultivo que, ao longo deste tempo, intensificou esforços para refletir com profundidade sobre as dinâmicas locais, sugerir prioridades e nos desafiar quanto à efetividade das ações propostas. A partir da lista inicial de objetivos, priorizamos quatro, avançando sobre as necessidades mais importantes da região e na implementação de iniciativas já no curto prazo.

De saída, vislumbramos no campo da bioeconomia o potencial para a formação de um pujante setor econômico. Compreendemos que isto será inexorável desde que sejam atendidas necessidades estruturais, como pesquisa e desenvolvimento, investimento, acesso a mercados internacionais e melhorias nas cadeias de suprimentos. Decidimos nos aprofundar, apoiando um projeto que mostrará as razões para a ainda baixa participação dos produtos amazônicos no mercado global e os caminhos para ampliá-la. Em suas recomendações, o trabalho trará elementos para a superação dos principais gargalos para o desenvolvimento de cadeias produtivas da região com alto potencial de inserção internacional. Os três bancos privados têm o papel importante de abraçar essa agenda.

No campo do apoio ao desenvolvimento das culturas sustentáveis, a exemplo de cacau, açaí, pimenta e aquicultura, descemos a lupa para identificar atividades que geram renda para as comunidades locais e promovem a conservação da floresta. Definimos uma meta inicial conjunta, que já foi superada, de levar R$ 100 milhões em crédito para cooperativas e agroindústrias que atuam no cultivo, manejo, extração, beneficiamento e comercialização dos produtos amazônicos, sempre dentro das melhores práticas. Cada instituição segue com suas condições comerciais e, adicionalmente, oferece serviços de assistência técnica, apoio à gestão do negócio e orientação financeira aos clientes.

Direcionamos o mesmo olhar atento para a pecuária. Assumimos o compromisso de apoiar a transformação do setor em busca do desmatamento ilegal zero, por meio da adoção de práticas diferenciadas como pré-requisito para a concessão de crédito. Entre as recomendações às empresas do segmento estão a rastreabilidade de fazendas e abatedouros com vistas à regularização ambiental e o uso de plataformas tecnológicas para a verificação de fornecedores diretos e indiretos, atendendo a requisitos mínimos de informação e segurança até 2025. Dentro do mesmo prazo, esperamos que estejam implementados os planos de ação que levem à eliminação do desmatamento ilegal em toda a cadeia. Tudo isso monitorado por indicadores de performance objetivos e previamente alinhados.

Outro grande desafio para concessão de crédito na região é a regularização fundiária. Sem o reconhecimento da titularidade da terra, o produtor não tem acesso ao financiamento, dados os riscos envolvidos e as limitações das normas do regulador. Neste tema, recebemos o apoio de renomados escritórios jurídicos que aceitaram nosso convite para trabalhar na elaboração de um documento, cujo objetivo foi mapear a legislação vigente nos nove Estados da Amazônia Legal e que poderá servir de base para apoiar a discussão do tema pelos entes competentes.

Este primeiro ano de atuação nos conduziu a alguns aprendizados: i) a Amazônia é realmente um território único, incomparável e, por esta peculiaridade, demanda um olhar específico para o seu desenvolvimento; ii) não há panaceias ou soluções milagrosas capazes de contemplar simultaneamente e no curto prazo interesses tão diversos, seja do ponto de vista biológico, social, econômico ou geopolítico; iii) dada a dimensão do desafio, o êxito está fortemente ligado à cooperação com as diferentes iniciativas empresariais, de governo, da academia e do terceiro setor, muitas delas há muito tempo em curso na região.

Hoje, Dia da Amazônia, reafirmamos nosso compromisso com as dez medidas que assumimos, reforçando a crença no fato de que a floresta em pé guarda os mais valorosos ativos de nosso País e que o futuro da Amazônia será decisivo para o nosso destino enquanto nação.

*Presidente do Bradesco

**Presidente do Santander

***Presidente do Itaú Unibanco

ARTIGO782

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