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‘Nenhuma ameaça pode ser tolerada’, dizem partidos

Oito dirigentes reagem às declarações de Bolsonaro e defendem, em nota conjunta, a democracia e a confiabilidade do sistema eleitoral

O Estado de S. Paulo, 11 Jul 2021 – Camila Turtelli

Oito partidos reagiram às declarações do presidente Jair Bolsonaro contra a realização de eleições e divulgaram nota na qual afirmam que “nenhuma forma de ameaça à democracia pode ser tolerada”. “Quem se colocar contra esse direito de livre escolha do cidadão terá a nossa mais firme oposição”, afirmam os presidentes de MDB, DEM, PSDB, Solidariedade, Cidadania, PSL, PV e Novo.

Após o Judiciário e o Congresso criticarem os ataques de Jair Bolsonaro às eleições, presidentes de oito partidos reagiram às declarações do presidente da República e divulgaram, ontem, uma nota conjunta em defesa da democracia. “Nenhuma forma de ameaça” a ela “pode ou deve ser tolerada”, diz o texto.

“Quem se colocar contra esse direito (eleições) de livre escolha do cidadão terá a nossa mais firme oposição”, afirmam os presidentes do MDB, DEM, PSDB, Solidariedade, Cidadania, PSL, PV e Novo. “A democracia é uma das mais importantes conquistas do povo brasileiro, uma conquista inegociável. Nenhuma forma de ameaça à democracia pode ou deve ser tolerada. E não será.”

O posicionamento das siglas se deu depois que Bolsonaro subiu o tom e chamou o presidente do TSE, Luis Roberto Barroso, de “imbecil” e “idiota”, atribuindo ao ministro articulações para barrar a aprovação da proposta que institui o voto impresso no Brasil – ontem, em viagem ao Rio Grande do Sul, Bolsonaro voltou a criticar o magistrado (mais informações nesta página).

A escalada de críticas e acusações do presidente ao sistema de urna eletrônica, mesmo sem provas, ocorrem no pior momento do governo, que enfrenta queda de popularidade, além do desgaste diante das denúncias de corrupção na CPI da Covid e dos problemas na condução da pandemia. Além disso, aumentam as manifestações de rua pedindo o impeachment de Bolsonaro, em atos organizados por partidos de esquerda e movimentos sociais e também por grupos como MBL e o Vem Pra Rua.

Seis desses mesmos dirigentes que assinaram a nota compõem o grupo de 11 signatários de uma carta contra a adoção do voto impresso, proposta em discussão na Câmara. No documento, eles reafirmaram a confiança no sistema atual de votação.

“Temos total confiança no sistema eleitoral brasileiro, que é moderno, célere, seguro e auditável. São as eleições que garantem a cada cidadão brasileiro o direito de escolher livremente seus representantes e gestores. Sempre vamos defender de forma intransigente esse direito, materializado no voto.”

Assinam a nota os dirigentes partidários ACM Neto (DEM), Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB), Eduardo Ribeiro (Novo), José Luiz Penna (PV), Luciano Bivar (PSL), Paulinho da Força (Solidariedade) e Roberto Freire (Cidadania).

‘Oportunismo’. Aliado de Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que até então não havia comentando as declarações do presidente, afirmou ontem que as “instituições são fortalezas que não se abalarão com declarações públicas e oportunismo”. Lira, no entanto, não fez menção ou referência a Bolsonaro na postagem que escreveu no Twitter.

Mais tarde, em entrevista à CNN Brasil, Lira pediu um basta aos “recadinhos”, ao comentar sobre a crise entre os Poderes. “Basta. Acho que é hora de basta de recadinhos, de tuítes. Ninguém vai dar suporte a uma aventura desse tipo. Ninguém, nem a Câmara, nem ninguém. Então vamos tratar do que é concreto. Pandemia e emprego”, afirmou.

Na mesma entrevista, Lira afirmou que a presidência da Câmara é fiel à democracia e “não tem compromisso com nenhum tipo de ruptura política institucional, democrática, com qualquer insurgência de boatos, qualquer manifestação desapropriada”.

O presidente da Câmara voltou, mais uma vez, a rechaçar a possibilidade de abertura de um processo de impeachment contra Bolsonaro. “Não temos condição de um impeachment para esse momento. O Brasil não deve se acostumar a desestabilizar a política em cada eleição.”

Lira ainda sugeriu um debate sobre a adoção de um sistema semipresidencialista no País para 2026. “Nesse regime, se for o caso, é muito menos danoso que caia um primeiro-ministro do que um presidente. Como alternativa, talvez isso seja mais simples”, disse.

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