PAPER 122: Projeto de País (EU SOU BRASIL!!!)
Tema: “Eleições 2022”
“Não há nada mais humilhante do que não conseguir o fruto por medo de sacudir a árvore.”
Carlos Menem, ex-presidente da Argentina
A Política se faz com aproveitamento das oportunidades; as realizações de grande alcance são para os que estiverem preparados.
O aproveitamento das oportunidades do cenário brasileiro não é para a mesmice dos despreparados. Ante toda a turbulência dos últimos tempos, aqueles que tiverem tido a astúcia adequada certamente se prepararam para ter agora o que apresentar ao povo.
“O Brasil, se quiser sobreviver, não poderá cruzar os braços, indolente e resignado, esperando dos céus aquilo que não sabe criar em suas próprias terras”. Oswaldo Aranha – 1947
O fato de o Brasil ter perdido tantas oportunidades, que poderiam ter nos conduzido à realização do desenvolvimento econômico, não limita nossas possíveis iniciativas. Apenas significa que agora devem ser outras as visões da realidade.
O cenário internacional exibe com clareza a dinâmica política, provando que as oportunidades encontram-se nas ações. Os europeus, os asiáticos, os americanos, todos agiram, cada um ao seu modo, com seus meios e suas visões de mundo, nesse período das últimas décadas em que o Brasil manteve-se adormecido.
Esse tem sido o ponto fraco no qual nos enredamos: sem estratégia, sem planos e sem planejamento, principalmente nas últimas quatro décadas, período das grandes transformações econômicas, tecnológicas, demográficas e na geopolítica no mundo.
Em essência as oportunidades são identificadas pela disposição, coragem, e liderança para agir e resolver, com visão e competência, os problemas que se apresentam na realidade. Não foi outra a história do desenvolvimento econômico dos asiáticos, com destaque para a China, que ambiciona ascender à liderança mundial, para o que tem demonstrado competência.
A oportunidade são Reformas que resolvam os problemas brasileiros, aí escancarados não só para nós, mas para todo o mundo, em especial neste episódio da pandemia que sequer conseguimos comprar vacina em tempo hábil, muito menos ter suficiente produção própria, e em tempo hábil.
Não estamos falando das “reformicas” eternamente tratadas no Congresso Nacional, “locus” onde, mesmo os poucos, que querem resolver alguma coisa, são absorvidos por todos os que não querem, visto revelarem, é o que parece, sequer saberem do que se trata como solução e se têm condição de atuar. E assim tem caminhado o Brasil, de governo em governo a confirmar a máxima de Vargas “vamos deixar como está para se ver como é que fica”; assim ele ficou no Poder por 15 anos como ditador, com mais quatro como eleito (1950-1954). E depois dele continuamos na mesma.
E ficar na mesma, é: “Tinha o coração disposto a aceitar tudo, não por inclinação à harmonia, senão por tédio à controvérsia.” Machado de Assis.
É evidente que, diante da alta probabilidade da polarização em 2022, a esperteza dos acomodados de sempre “…esperando dos céus aquilo que…” seria a chamada “terceira via”, não nos levará a boa solução, pois esperam acontecer ao invés de decidir fazer. Não criam oportunidade de revelação e desenvolvimento de novas lideranças: sempre os mesmos “caciques”.
Os partidos atuais são siglas vazias de conteúdo e significado, sem consistência ideológica, cujas filiações partidárias sem participação ativa capaz de produzir pela comunidade partidária soluções políticas para os problemas brasileiros.
É preciso ter a coragem de ouvir o povo; não pegá-lo de surpresa, como tem sido comum pela prática do costumeiro recurso do fato consumado, muitas vezes com a intenção de causar choque emocional, cuja irracionalidade implica alto risco, para sofrimento da sociedade, em especial dos mais vulneráveis, gravando fortemente o próprio destino do País.
O Conselho Brasil-Nação sempre opinou e defendeu a adoção de procedimento mais racional para as grandes decisões que temos inevitavelmente de tomar: um fórum de decisão distinto e independente do Congresso Nacional que é uma Constituinte exclusiva, batalha que o povo chileno no momento teve a coragem de enfrentar, com data definida para a conclusão da revisão da Constituição, no caso, no início do próximo ano. Ao invés desses nossos Projetos pontuais de “reformicas” de prazo indefinido para aprovação e homologação, como tem sido de anos, diversos deles até 10 ou 20 anos (“enquanto se delibera a oportunidade passa.”).
CONCLUSÃO
A política se alimenta de oportunidade. Esta, no momento, é os partidos se anteciparem e provocarem debates, cada partido ou alianças de partidos, suportados por liberdade e pela democracia, lançar seu candidato à Presidência da República, a Governador de Estado e aos respectivos Parlamentos: é a forma de cada Partido romper a sujeição dos filiados partidários ao “caciquismo” e de se fortalecer ao se beneficiar da contribuição da força da participação popular na promoção de seu candidato, que se refletirá nas pesquisas de opinião pública.
É sair da toca e ocupar o palco. É de onde sairão as lideranças que nos tem faltado. Aquele que se revelar melhor estadista se destacará e já será obstáculo válido à eleição de candidato não conhecido, seja por suas ideias, suas propostas, sua personalidade, seu currículo e sua formação, ensejando também a discussão do programa de governo com a sociedade, que ele venha a apresentar. Fazer funcionar a democracia.
“…quem pode fazer mais – seja por sua condição social, sua situação econômica, seu prestígio profissional, sua capacidade de mobilização ou outra característica pessoal – tem maior responsabilidade sobre os rumos da coletividade.” (Estadão, 26/05/2021, página A3).
Vista a frequente alegação na mídia sobre falta de lideranças, os dirigentes partidários, legalmente responsáveis pela política que deve orientar os destinos do País, inclusive amparados por recursos públicos, devem ir buscar as lideranças na fonte – o povo. É acatamento à Constituição: “Todo o poder emana do povo.”
Atitude como essa por parte dos políticos, de pleitear apoio direto no seio do povo, resultará no que eles mais precisam: angariar respeitabilidade e prestígio popular pelo gesto construtivo de acatar critérios racionais compatíveis com atividade política.
A democracia fundada no Estado de Direito e na cidadania não é uma estação de chegada, mas uma maneira de viajar, visando desenvolvimento econômico, político, cultural e social para transformar o Brasil na melhor nação do mundo para se viver bem.
Personalidades autoras de artigos e citações neste “PAPER”:
. Carlos Menem, político, ex-presidente da Argentina
Getúlio Vargas, advogado, político, ex-presidente do Brasil, em dois períodos
Machado de Assis, escritor, o maior nome da literatura do Brasil
Osvaldo Aranha, advogado, político e diplomata